sábado, 4 de junho de 2011

Tropa de Elite 3: A Vergonha Nacional – Um clamor a Vagner Moura

Todos sabem que o filme Tropa de Elite em suas duas versões contribuiu decisivamente para a deflagração de uma série de ações “pacificadoras” nas comunidades – ditas favelas – e para a reeleição do atual governador, Sérgio Cabral Filho.
Apoiado pela política da “intolerância zero” e do “pede pra sair”, Cabral e seus asseclas iniciaram várias ações conjuntas que ganharam destaques no mundo inteiro, principalmente com as emissoras de televisão mostrando ao vivo a fuga de centenas de criminosos do Complexo do Alemão.
De inimigo da sociedade, de sinônimo de esquadrão da morte, com sua faca na caveira, o BOPE – chamado erradamente de Batalhão de Operações Especiais, quando na verdade é Batalhão de Operações Policiais Especiais – se tornou o símbolo da luta pela justiça contra a opressão do crime organizado. Evidentemente que não estou aqui dizendo que as ações foram nefastas, muito pelo contrário, apenas estou mostrando como é feito o jogo político nesse Brasil, que não é mistério para ninguém.
Vagner Moura e José Padilha compraram uma briga que parecia, para muitos, sinônimo de fracasso. Afinal de contas, defender quem prende e mata às custas de tortura é muito complicado.
Pois bem, assim como um dia Bruce Wayne e Clarck Kent foram descobertos, ontem a máscara do BOPE caiu! Ou melhor, a instituição Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, através de sua “tropa de elite”, mostrou novamente o que realmente é, ou seja, um grupo que pensa estar acima da vontade humana, que se julga superior a todos e que por isso mesmo pode fazer o que bem quiser.
Quando você escreve, seja lá em qual for o meio de comunicação e emite sua opinião, está sujeito aos mais diversos tipos de crítica e acima de tudo deve estar fundamentado naquilo que fala. Assim, antes de prosseguir prezado leitor (agradeço pela chance de ler meu momento de revolta), quero dizer que escrevo pois já estive desse lado. Fui policial durante anos, tenho irmão e amigos policiais e bombeiros e que aguardam ansiosos pela aprovação da PEC, que irá garantir a TODOS, policiais militares (inclusive os do BOPE) e bombeiros militares SALÁRIOS DIGNOS E CONDIÇÕES DE TRABALHO MELHORES.
O destino – ah, o destino! – trilhou caminhos diferentes para mim, e hoje sou professor da SEE/RJ e funcionário publico federal de nível superior numa universidade e por isso não estou mais na eterna espera da aprovação da PEC. Não sei se acordei e resolvi correr atrás de outra coisa, mas felizmente não estou mais vestindo aquela farda, que durante anos sustentou a mim e a minha família – e deixo claro que cada se comporta como acha que deve e para isso a justiça existe: para punir aqueles policiais que fazem da farda um meio para enriquecer. E definitivamente esse não é e nunca foi o meu caso. Não “roubei” nada em minha vida e falo isso de cabeça erguida e a maior prova disso foi que resolvi estudar, apesar das dificuldades de horário, fiz um vestibular, passei para a UFRJ em História, conclui em 04 anos a licenciatura e o bacharelado e fui à luta. Acredito piamente que o objetivo do ser humano é ser feliz e por isso corria em busca de minha felicidade.
Esclarecido tudo, prossigo. Ontem, dia 03 de junho de 2011, foi um dia para histórico, mas de triste memória. De um lado, Bombeiros Militares lutando por melhores salários para TODOS e do outro, o BOPE e o Batalhão de Operações de Choque – antigo BPChoque. Todos ganhando a mesma coisa, a mesma miséria, tendo as mesmas falta de dignidade – sem moradia digna, trabalhando em “bicos” e fazendo segurança em boates, bares, mercados, e outros apelando para o lado bandido da vida (dizem que é impossível você cuidar de cachorros sem pegar pulgas; eu digo que é difícil você lidar com lixo sem se contaminar por ele) e trabalhando em bancas de bicho ou bocas de fumo –, mas TODOS EM BUSCA DE FELICIDADE.
Então, o herói do BOPE, um caveira, o coronel Paulo Sérgio, ordena a invasão contra os bombeiros que estavam aquartelados no QG, até porque tanto seu comandante geral – que afirma não falar com praças, pois eles não representam nada – quanto o governador Sérgio Cabral se recusam a aceitar suas reivindicações. Bom, o resto todos sabem o que aconteceu e não vale a pena ficar aqui dando crédito a quem não merece.
Assim, venho solicitar ao Vagner Moura, se alguém o conhece, por favor peça-lhe encarecidamente isso: mostre arrependimento pelo que fez no filme Tropa de Elite e diga para toda a população do Brasil que o BOPE não é aquilo que você acreditou que fosse. Mostre para ele que no inicio da década de 1990, quando nossas esposas organizaram um “panelaço” em busca da isonomia, o BOPE e o BPChoque fizeram a mesma coisa e agrediram nossas esposas. Mostre a ele que o Governo Sérgio Cabral é feito de factóides e mentiras e que seu objetivo é ser presidente da República e para isso ele usa de todos os meios necessários – foi um excelente discípulo de Maquiavel – para atingir seus objetivos.
Não se faz um país reprimindo ou matando. Um país só será grande se houver uma educação de qualidade. Não se faz um país grande dando créditos a quem não merece. Um país só será realmente grande quando as pessoas se sentirem dignas. Ou então permaneceremos como uma nação indigna, indigna nação, indignação.
Que Deus abençoe a todos nós!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

ASSIM COMEÇOU O POVOAMENTO DA BAHIA

ASSIM COMEÇOU O POVOAMENTO DA BAHIA


A sentença não é de 1587 (ano em que reinava o castelhano Filipe, mas 1487, aí sim, no reinado de João II.
Nessa época, pelo menos oficialmente, ainda não era aqui conhecida a existência das Terras de Santa Cruz. Isso aconteceu 13 anos mais tarde com Pedro Álvares Cabral.
Quem acrescentou o teor da sentença esqueceu este detalhe. :)

No link abaixo pode ver a versão correcta.
Grande abraço,
Rogério

http://www.jurisciencia.com/pecas/senteca-do-prior-de-trancoso-o-padre-francisco-da-costa/69/



ASSIM COMEÇOU O POVOAMENTO DA BAHIA...
Torre do Tombo é o local onde se guardam todos os documentos antigos. Está situada em Lisboa, junto à Cidade Universitária.
Sentença de 1587 - Trancoso, Portugal
Arquivo Nacional da Torre do Tombo
SENTENÇA PROFERIDA EM 1587 NO PROCESSO CONTRA O PRIOR DE TRANCOSO
(Autos arquivados na Torre do Tombo, armário 5, maço 7)

"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de sessenta e dois anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido com vinte e nove afilhadas e tendo delas noventa e sete filhas e trinta e sete filhos; de cinco irmãs teve dezoito filhas; de nove comadres trinta e oito filhos e dezoito filhas; de sete amas teve vinte e nove filhos e cinco filhas; de duas escravas teve vinte e um filhos e sete filhas; dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve três filhas. Total: duzentos e noventa e nove, sendo duzentos e catorze do sexo feminino e oitenta e cinco do sexo masculino, tendo concebido em cinquenta e três mulheres". Não satisfeito tal apetite, o malfadado prior, dormia ainda com um escravo adolescente de nome Joaquim Bento, que o acusou de abusar em seu vaso nefando noites seguidas quando não lá estavam as mulheres. Acusam-lhe ainda dois ajudantes de missa, infantes menores que lhe foram obrigados a servir de pecados orais, completos e nefandos, pelos quais se culpam em defeso de seus vasos intocados, apesar da malícia exigente do malfadado prior.

[agora vem o melhor:]

"El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou pôr em liberdade aos dezessete dias do mês de Março de 1587, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e, em proveito de sua real fazenda, o condena ao degredo em terras de Santa Cruz, para onde segue a viver na vila da Baía de Salvador como colaborador de povoamento português. El-rei ordena ainda guardar no Real Arquivo esta sentença, devassa e mais papéis que formaram o processo".